A cura é um processo de equilíbrio e harmonia
A cura consiste no regresso ao estado natural de equilíbrio e integridade.
Todos nós possuímos a energia curativa e temos capacidade para sermos canais de cura, no mais profundo do nosso ser.
Quando falamos em equilíbrio no xamanismo, sabemos que precisamos em primeiro lugar harmonizar os nossos quatro corpos: O físico, o mental, o emocional, o espiritual.
É o que na medicina nativa é chamada da Boa Estrada Vermelha dos rumos físicos ( norte/ sul ) e a Boa Estrada Azul dos rumos espirituais ( leste/oeste).
Buscar a cura é buscar estar em harmonia – conosco e com todas as formas de vida – pois todas as formas de vida são a manifestação do Grande Espírito.
Estar em harmonia significa estar “passo a passo” com o Universo e seus ritmos sagrados; por outro lado, estar em desarmonia significa estar “descompassado com este Universo”.
Nossa cura pessoal é a cura do mundo, e a verdadeira cura é o despertar da nossa consciência. É a busca do “sagrado” em nós.
O despertar, independente de crenças e religião, está dentro e não é de responsabilidade de ninguém, senão de nós mesmos.
A única parte do Universo que temos verdadeiramente poder de curar somos nós mesmos. Mas quando nos curamos através do despertar consciencial, por ressonância, nos estamos curando o Universo…
Cada caminho de cura é único, embora em alguns momentos possamos dar as mãos e caminhar lado a lado.
Um dos melhores modos de aprender a viver em equilíbrio, é realizar passeios na natureza. O ar fresco das árvores e outras plantas ajudam esvaziar seus pulmões. A luz do sol além de ajudar a reduzir a depressão, nos provê de Vitamina D. Devemos aproveitar esses benefícios da Mãe Terra e do Avô Sol, que tanto nos ajudam a relaxar.
Tudo isso, e muito mais vem da beleza da natureza. A natureza ajusta a tudo. As plantas proveem de oxigênio os animais, da mesma maneira que os animais proveem gás carbônico para as plantas. Plantas alimentam os animais, que eventualmente alimentam outros animais, em eterno ciclo da cadeia alimentar.
Quando vamos para a natureza, podemos sentir o círculo perfeito da vida que a natureza inspira em nós. Na natureza encontramos o nosso lugar no mundo. A natureza nos ensina que há esperança, e nos dá a coragem e a fé que precisamos para continuar vivendo. Nela sentimos a força, a beleza e a perfeição do Grande Espírito.
Qualquer pessoa pode receber a inspiração, a esperança da natureza. Não precisa ser um xamã ou um iniciado. É só aceitar a beleza que ela nos oferece…
Aprendendo com ela. Aceitando que somos merecedores dessa dádiva.
Porque nós somos as crianças da Mãe Terra, independente de raça, religião, ou de cultura. A natureza nos ensina a sentir e viver nossa unidade com todas as coisas, e é esta unidade que nos ensina como entrar em equilíbrio e em paz com tudo.
Que na caminhada que vamos iniciar, possamos estar em sintonia com as forças da luz, presente em cada pedacinho do caminho – em cada pedra, cada plantinha, nas gotas de orvalho, nos raios de sol…
Quem sabe se ao darmos início a uma caminhada, vibrando em sintonia com a Mãe Terra não estaremos, então, iniciando nossa cura pessoal e planetária – mudando os nossos padrões interiores?
A base da técnica xamânica de cura está na retomada do contato com as fontes de energia primordiais: animais, vegetais, minerais e a energia dos quatro elementos, fogo, ar, água e terra. Todas estas energias existem no mundo natural e, em estado latente, no interior de nossa psique.
Algumas técnicas tradicionais xamânicas preconizam o uso de substância alucinógenas para produzir o estado alterado de consciente, que será a ponte de ligação entre consciente e inconsciente.
Para o homem civilizado, em geral prisioneiro de um sistema neurótico de vida e não habituado cultural e organicamente à ingestão de tais substâncias, a experiência quase sempre produz resultados que põem em risco a saúde. (Principalmente quando conduzidas de forma pouco responsável sem uma previa anamnese)
A grande contribuição de Michael Harner foi criar um método de entrar em estado alterado de consciência sem o uso das drogas alucinógenas.
Harner afirma que o que consideramos realidade subjetiva no estado comum de consciência é realidade objetiva, naquilo que ele batizou de estado xamanico de consciência. Assim, se numa experiência xamânica encontrarmos um dragão, ele terá, para o xamã, realidade plenamente objetiva e não mítica. A partir daí, Harner concluiu que, para se conseguir um efeito objetivo no estado xamanico de consciência, bastaria um estímulo subjetivo no estado comum de consciência.
Esse estímulo é o som produzido por batidas rítmicas de tambores e chocalhos, instrumentos tradicionais do xamã.
O primeiro passo que deve ser dado logo após a entrada no estado xamânico de consciência é a descoberta do túnel xamânico. Esse túnel, que corresponde à ponte de ligação entre o consciente e o inconsciente, levará ao mundo xamânico, onde, a nível simbólico, toda a experiência xamânica se desenvolve. A viagem através desse túnel é feita sempre sob o estímulo do som de tambores.
Ao começar a viajar entre os mundos o xamã deve procurar os seus aliados espirituais: guias, mestres, auxiliares e animais de poder. No mundo superior é onde encontramos os nossos mestres e ancestrais, que nos dão conhecimentos, poder, equilíbrio e saúde, visando a nossa evolução como Ser. No mundo inferior encontraremos o nosso animal de poder e os animais auxiliares. O primeiro, em termos simbólicos, corresponde à nossa parte animal preponderante. Como todos os símbolos, esse também apresenta uma bipolaridade. Tem um aspecto de energia vital curativa – que, como todo bom anjo da guarda, está sempre disponível para nos ajudar e proteger – e também a sua igual e contrária parte destrutiva.
O animal de poder não é nada mais que um parente de outro reino ou nível energético, confirmando, assim, que todos nós somos irmãos e filhos do Grande Espírito. Neste momento do despertar de uma nova consciência ecológica, é importante lembrar-nos deste parentesco, para evitar a destruição e poluição desses outros planos da existência. Várias outras etapas se sucedem, numa seqüência gradativa que obedece a uma metodologia perfeitamente estruturada.
Segue-se, por exemplo, a etapa da procura do animal de cura, que servirá para a autocura e a cura dos outros, a cura à distância, a restauração do poder animal e, entre outros, a procura da parte perdida da alma, numa clara analogia com o trabalho dos psicoterapeutas. A cura xamânica é simplesmente uma ampliação da consciência procurando a mobilização do fator de auto cura. Todo arquétipo pressupõe uma contraparte. O curador contém o doente e vice-versa.
Com a prática do xamanismo nós tornamo-nos co-criadores na vontade coletiva da natureza. Nós tornamo-nos agentes da mudança no drama da evolução. Mais do que isso, libertamo-nos da ilusão de isolamento e adentramos na realidade da inter-relação de toda vida. O xamanismo é uma jornada mental e emocional, onde tanto o paciente quanto o xamã ficam envolvidos. Através da sua heroica viagem e dos seus esforços, o xamã ajuda os seus pacientes a transcender a noção normal e comum que têm acerca da realidade, inclusive a noção de si próprios como doentes. Faz sentir aos seus pacientes que eles não estão emocionalmente e espiritualmente sozinhos nas suas lutas contra a doença e a morte. Faz com que eles partilhem dos seus poderes especiais, convencendo-os, em profundo nível de consciência, de que há outro ser humano desejoso de oferecer o seu próprio Eu para ajudá-los. A abnegação do xamã provoca no paciente um compromisso emotivo correspondente, um senso de obrigação de lutar ao lado do xamã para se salvar.
Zelo e cura caminham juntos. Finalmente, a prática do xamanismo leva-o, conseqüentemente, a alinhar-se com as forças de cura da natureza. Encontra-se equilíbrio e integração. Sabemos quem somos e para onde estamos indo.
Carol Locust, uma Cherokee, descreve as crenças dos nativos norte –americanos sobre a doença :
“Cada indivíduo escolhe estar se sentindo bem ou mal. Se uma pessoa fica em harmonia, e mantém as leis da tribo e todas as leis sagradas, estará com seu espírito tão fortalecido, que nenhuma negatividade poderá afetá-lo. Se uma pessoa escolhe deixar que a raiva, o ciúme e a auto-piedade tome conta dela, criará desarmonia para si própria. Estar com o controle de suas respostas emocionais será necessário para permanecer em harmonia. Contudo, se a harmonia é quebrada, a alma se fragiliza e aquele ser se torna vulnerável a doenças físicas, a desequilíbrios mentais ou emocionais, e sua desarmonia é projetada também para os que estiverem ao redor”.
TEXTO: Irene Carmo Pimenta
Imagens: Internet:
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