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Apesar do grande avanço na luta travada pelas mulheres do mundo para conquistar espaços e oportunidades, há muito a ser feito para que se reverta toda uma história de opressão e desigualdade, construída através de séculos de desrespeito aos valores ligados ao feminino.
Em relação à violação dos direitos humanos, a violência contra a mulher é um ponto sensível que precisa ser tocado para que possa sanado nas diversas esferas em que ocorre. Seja no nível coletivo ou domestico, a violência e o desrespeito aos direitos da mulher é um fato.
Entretanto, uma outra forma de violência contra a mulher acontece diariamente diante dos nossos olhos. Uma violência psicológica que tem sido perpetrada pelo Grande Deus Mercado, devidamente assessorado pela mídia.
A moderna cultura ocidental é dominada por uma filosofia narcisista, que “coisifica” o ser humano. Conseqüentemente pensamentos e comportamentos são influenciados por essa filosofia, gerando uma sociedade imagética que privilegia a imagem em detrimento de outros conteúdos.
Em relação à mulher, a imagem veiculada pela mídia é escancaradamente “coisificada”. Os valores ligados ao feminino são subvertidos e apresentados de maneira preconceituosa e distorcida, reforçando o conceito (ou preconceito) de que o valor da mulher está ligado a sua imagem e nunca a sua inteligência ou capacidade profissional. Reduzida a peitos, bocas e bundas, a mulher é retratada apenas como um corpo que vende qualquer produto e não um sujeito real de carne e osso. Mas o absurdo não para por aí. Colocada a serviço de um mercado que visa apenas o lucro, a mídia publicitária impõe um padrão de beleza que é inalcançável para a maioria das mulheres. Um modelo de beleza pasteurizado – a mulher branca, magra, de cabelos lisos e loiros.
Na tentativa de se adequarem a esse padrão, as mulheres, principalmente adolescentes, passam a subverter a própria aparência e a camuflar a sua identidade étnica. Muitas destas jovens acabam ficando tão obcecadas em atingir esse padrão de beleza que acabam negligenciando outros aspectos do seu desenvolvimento, desconsiderando inclusive suas capacidades intelectuais.
Drogas anorexisticas, regimes e dietas malucas, cirurgias estéticas, lipoaspiração, liposescultura e muito implante de silicone. Vale tudo para ficar parecida com a “top-model” famosa, a atriz da novela das oito ou com a BBB da última estação.
A pressão sofrida para atingir esse ideal estético gera uma relação de conflito com o próprio corpo. Acabam surgindo em decorrência, patologias físicas na forma de distúrbios alimentares (anorexia, bulimia) e transtornos psicológicos (depressão, ansiedade, fobias). A frustração e o sentimento de inadequação acabam por dificultar as relações afetivas e sociais.
Mas a parte mais perversa desse fato é que a mesma frustração gerada e alimentada pela mídia torna a mulher uma presa fácil de todo tipo de anuncio publicitário. De cosméticos a aparelhos de ginástica, passando por dietas e formulas emagrecedoras que prometem “milagres”, a baixa estima e a frustração feminina com sua própria imagem GERA LUCRO E MUITO LUCRO!
Para confirmar isso é só dar uma olhada na programação da televisão aberta. Salvo raríssimas exceções, o que se vê é pouca ou nenhuma informação que possa ser considerada útil. Muita fofoca televisiva, muita futilidade, musica de péssima qualidade, receitas engordativas e muito, mais muito merchandising. Questões mais profundas não fazem parte da pauta dos programas destinados às mulheres.
Na mídia impressa a coisa não é diferente. As revistas femininas, que mais se assemelham a catálogos publicitários, reforçam nas entrelinhas de suas paginas a imagem de uma mulher narcisista que precisa preencher o vazio da sua existência com fofocas sobre gente famosa. Contraditórias em seus conteúdos trazem na mesma edição matérias que ensinam a cozinhar “pratos maravilhosos” para conquistar o seu homem pelo estomago e dietas milagrosas que vão deixá-la magra (na verdade quase bulimica) para poder caber nas roupas que os estilistas famosos criaram para modelos de passarela e não para mulheres reais.
Para fazer frente a essa realidade somente com muita lucidez e discernimento. Não consumir produtos que utilizem a imagem da mulher de forma pejorativa pode ser um caminho. Uma forma de obrigar o mercado a rever as suas estratégias publicitárias. Educar nossas crianças com bases que contemplem mais os valores humanos e menos o consumo também é uma atitude que se faz urgente.
Mas do que homens ou mulheres somos seres humanos. E seres humanos não são coisas e nem “mercadoria” a ser consumida. Um masculino saudável e equilibrado só irá se reconhecer através de um feminino saudável e equilibrado e vice versa. Esse equilíbrio não pode ser alcançado em uma sociedade “corpocentrica” – que não incentiva o desenvolvimento integral do ser humano.

Paz e Luz nos caminhos de todos! (e muita consciência!)

Irene Carmo Pimenta – Abril de 2006

 

IMPORTANTE: Escrevi este arquivo em 2006. Quase 16 anos depois, infelizmente, ele ainda continua muito atual. Algumas coisas mudaram. Mas poucas. Muito poucas. Com o advento das redes sociais (O Instagram, por exemplo) com blogueiras e “influencer’s” de todo o tipo, a busca pela imagem perfeita ainda está aí. E reafirmo: Só com muita consciência para se individuar e fugir de estereótipos  tão danosos. (Irene Carmo Pimenta)

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